quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

China testa novo sistema de intercepção de mísseis

As estruturas militares da China procederam ao ensaio de uma nova tecnologia de intercepção e destruição de mísseis em voo, uma manobra que a agência oficial Xinhua afirma ter "alcançado os objectivos esperados". O teste foi levado a efeito depois de Pequim ter condenado a venda de mísseis norte-americanos "Patriot" às autoridades da ilha de Taiwan.


Os detalhes sobre o ensaio militar, concretizado durante a noite de segunda-feira, são escassos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China limita-se a argumentar que o ensaio de "uma tecnologia instalada em terra para a intercepção de mísseis em voo" foi de "natureza defensiva e não teve por alvo qualquer país". Mas comporta uma carga simbólica.
A última demonstração de força da máquina militar chinesa surge depois de os Estados Unidos terem acertado, na semana passada, os detalhes da venda de mísseis defensivos "Patriot" a Taiwan. O regime de Pequim fez desde logo ouvir os seus protestos, invocando uma vez mais a "política de uma China", ao abrigo da qual a ilha "secessionista" de Taiwan é encarada como parte integrante do território chinês.
"A China sente que os Estados Unidos querem, por um lado, todo o tipo de cooperação, mas, por outro lado, continuam a vender armas a Taiwan e esta discrepância está a expandir-se. Não deve haver qualquer reverso substancial nas relações a propósito disto. Mas a autoconfiança da China está a crescer e vê estas vendas de armas a Taiwan como uma humilhação", explicou, em declarações à agência Reuters, o professor de Relações Internacionais Zhu Feng, da Universidade de Pequim.


"Danos para as relações entre China e Estados Unidos" 

Menos polida, a agência oficial Xinhua fez sair um comentário carregado de críticas à cooperação militar entre Washington e Taipei: "De cada vez que os Estados Unidos venderam armas a Taiwan, houve enormes danos nas relações entre a China e os Estados Unidos. Esta venda de armas norte-americanas a Taiwan não vai ser excepção".
A Xinhua acusa mesmo o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de estar a trair compromissos assumidos com as autoridades de Pequim, desde logo a não ingerência em questões de "interesse fundamental". "Parem imediatamente as vendas de armas a Taiwan para evitar danos na cooperação entre a China e os Estados Unidos em áreas importantes", insiste a agência do Governo.
Há também vozes inflamadas entre a cúpula militar de Pequim, que começa a pressionar os responsáveis políticos para que adoptem sanções a empresas norte-americanas. É o caso de Jin Yinan, major-general do Exército de Libertação Popular e professor na Universidade de Defesa Nacional da China. Num artigo publicado este mês pelo Study Times, Yinan escreveu: "Devemos usar medidas de resposta para fazer com que o outro lado pague o preço correspondente e sofra o castigo correspondente".


Investimento em defesa contra mísseis.

A China reivindica soberania sobre Taiwan desde 1949, ano em que as forças comunistas de Mao Tsé-tung prevaleceram na guerra civil e empurraram os nacionalistas de Chiang Kai-shek para a ilha. Em 1979, os Estados Unidos mudaram o seu reconhecimento diplomático para Pequim, indo ao encontro da "política de uma China".

Contudo, as sucessivas administrações norte-americanas mantiveram sempre uma apertada cooperação militar com Taiwan, à luz do argumento de que a superpotência tem o dever de ajudar o território a defender-se.

Nos últimos anos, as chefias militares da China duplicaram o investimento em diferentes tecnologias bélicas. A defesa anti-mísseis é uma das áreas privilegiadas. Ainda assim, segundo Yang Chengjun, um perito em armamento citado pelo jornal chinês Global Times, os sistemas de defesa do país continuam "longe de formar uma capacidade operacional".


Fonte: RTP

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